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Saúde

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17 de Novembro de 2023

Disparidades na saúde da população negra ainda precisam ser combatidas; entenda!

As pessoas negras compõem 57% da população brasileira. Apesar de constituírem a maioria, ainda são consideradas minoria quando se trata de acesso à saúde. Esse grupo enfrenta diariamente diversas questões relacionadas aos cuidados, sendo, no final das contas, o que mais sofre com a carência de serviços adequados.

"É importante notar que as desigualdades nos indicadores de saúde enfrentadas por pessoas negras podem ser atribuídas a uma série de fatores complexos e interconectados. As raças têm características genéticas peculiares que podem, ou não, tornar um grupo mais propenso a doenças, dependendo do ambiente enfrentado. Portanto, o meio ambiente hostil, o racismo sistêmico, disparidades sociais e os fatores psicológicos conflituosos tornam as pessoas mais vulneráveis”, afirma o Dr. Jonatas Nunes, médico supervisor da Atenção Primária do CEJAM.

De acordo com o Boletim Epidemiológico "Saúde da População Negra", com base em um recente levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, entre 2010 e 2020, houve um preocupante aumento de 5% nas mortes maternas por hipertensão entre mulheres pretas. Além disso, a pandemia de Covid-19 impactou de maneira desproporcional, com 63,4% das mortes maternas decorrentes do vírus ocorrendo em mulheres pretas.

Outro ponto de destaque do estudo foi o aumento de casos de HIV na população negra nos últimos dez anos, evidenciando um crescimento de 12%. Em 2011, os negros representavam 52,6% do total de óbitos em relação às pessoas brancas, enquanto em 2021 esse percentual aumentou para 60,5%.

Esse cenário de disparidades também é observado em casos de sífilis adquirida, onde a proporção de ocorrências em pessoas negras é majoritária em todas as faixas etárias analisadas, além da preocupante incidência de tuberculose, que atingiu 63% da população em 2022.

"É necessário compreender que a saúde da população negra deve ser uma prioridade nas práticas de saúde. Reconhecer as desigualdades é o primeiro passo para combater a discriminação que exclui esse público de seu direito constitucional. Apenas a efetivação de práticas que proporcionem o bem-estar físico, mental e social mudará essa realidade", complementa Allan Gomes de Lorena, supervisor sanitarista da APS do CEJAM.

Há ainda desafios como a prevalência da doença falciforme, uma patologia genética que afeta principalmente a população negra. No Brasil, estima-se que entre 60 mil e 100 mil pessoas negras sofram com ela. Ademais, quadros como diabetes mellitus tipo II, hipertensão arterial e deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) também afetam, em grande parte, essas pessoas.

“No caso do diabetes, fatores genéticos desempenham um papel importante, mas as disparidades socioeconômicas, que se refletem na falta de acesso a alimentos saudáveis, na falta de tempo para a prática de atividades físicas e em um estilo de vida menos saudável, contribuem para o aumento dessas taxas. O estresse crônico intensifica tudo, colaborando também para o aparecimento de hipertensão”, explica o Dr. Jonatas.

Para auxiliar essa população, o CEJAM vem realizando ações direcionadas a esse público nas unidades de saúde pública que administra. Nelas, há um acompanhamento ativo de pacientes com anemia falciforme e o monitoramento de pessoas hipertensas em uma linha de cuidado específica, além da articulação em rede para atender pessoas com deficiência de G6PD.

Fonte: Comunicação, Marketing e Relacionamento

Humanização Saúde

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