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Saúde

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24 de Fevereiro de 2023

Cascas, folhas e sementes: como integrar esses itens à refeição e evitar o desperdício?

Anualmente, cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados no Brasil, segundo dados da Organização das Nações Unidades (ONU), devido a fatores que incluem questões de produção, transporte e distribuição.

De acordo com a nutricionista Solange Schenfeld e a Agente de Promoção Ambiental (APA) Lara Helena Silva, que atuam na UBS Vila Calú – gerenciada pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo – algumas atitudes simples do dia a dia podem ajudar a minimizar o desperdício.

As profissionais explicam que o planejamento na hora das compras e do preparo das refeições, o armazenamento correto e o aproveitamento integral dos alimentos são pontos que merecem atenção.

“O aproveitamento integral dos alimentos colabora para minimização da produção de resíduos orgânicos, que em sua maioria não são compostados e são direcionados para aterros sanitários”, destaca a APA do Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS CEJAM).

Para além das questões econômicas e sustentáveis, Solange enfatiza os aspectos nutricionais, considerando que as partes não convencionais são enriquecidas de fibras, proteínas, vitaminas e minerais, como ferro, cálcio, fósforo, potássio e zinco. “Geralmente, por falta de conhecimento, desprezamos estes nutrientes importantíssimos que fortaleceriam a nutrição do nosso organismo.”

A nutricionista reforça que utilizando talos, cascas, sementes, flores, folhas, entrecascas e até bagaços, é possível preparar bolos, caldos, saladas, sucos e doces. ”Devemos apenas nos atentar quanto à higienização e desinfecção correta desses ingredientes, a fim de produzirmos refeições seguras, saudáveis e saborosas”, complementa.

Outro importante recurso são as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), que possuem alto valor nutricional e podem integrar às refeições de forma simplificada e variada, em saladas, tortas, sopas, refogados, entre outros. Alguns exemplos mais conhecidos são: ora-pro-nóbis, chicória-do-campo, taioba, azedinha, peixinho, dente-de-leão, hibisco e serralha.

“O consumo das PANCs é uma excelente forma de combater a insegurança alimentar através da sustentabilidade, onde os alimentos podem ser cultivados em hortas comunitárias ou até mesmo em âmbito doméstico”, reitera Solange.

Combatendo à insegurança alimentar

No Brasil, os índices de insegurança alimentar – pessoas que não possuem acesso à alimentação de forma suficiente – têm crescido nos últimos anos. Durante o período de 2019 a 2021, mais de 61 milhões de pessoas enfrentaram essa situação, conforme relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Nesse sentido, Solange, com o apoio de Lara e da educadora física Débora Pereira da Silva, desenvolveu um projeto que visa auxiliar no combate ao problema no território da UBS Vila Calú – no distrito do Jardim ngela, zona sul de São Paulo.

Segundo Kátia Lago, gerente da unidade, mais de 13 mil pessoas residem na área de abrangência da UBS, que está localizada em um território com grandes fragilidades econômicas, sociais e ambientais.

“O Projeto de Insegurança Alimentar vem para atuar diretamente nestas vulnerabilidades, contribuindo para a educação, melhoria de qualidade de vida e autonomia, provocando o envolvimento das pessoas para resolução dos problemas da comunidade, direcionando o olhar para o futuro com mais sustentabilidade.”

Por meio de palestras e abordagens educativas, a iniciativa tem como objetivo promover estratégias de educação alimentar e socioambiental, que contribuam para o acesso a alimentos seguros, saudáveis e sustentáveis.

Para isso, inicialmente, foram realizadas avaliações para mensurar o nível de insegurança alimentar do território e, desde maio, diversas atividades vêm sendo realizadas junto aos pacientes, principalmente com foco no desperdício, no reaproveitamento integral dos alimentos e na introdução de PANCs nas refeições.

Lara conta que algumas ações acontecem nas hortas da unidade e comunitária, proporcionando interação educativa entre pacientes e profissionais. "Trabalhamos a valorização de uma alimentação menos industrializada e mais sustentável. Os alimentos produzidos na horta são compartilhados entre as pessoas que realizam seu cuidado e com a Cozinha Solidária do bairro”.

O paciente Sr. José Mário de Araújo, de 63 anos, conta que o projeto trouxe um grande impacto para a comunidade, divulgando informações de qualidade e disponibilizando alimentos frescos da horta para todos.

“A participação ativa da comunidade contribui para minimizar os impactos das necessidades básicas, assegurando o acesso aos alimentos, com ênfase na população em situação de vulnerabilidade socioeconômica do território”, finalizam Solange e Lara.

Fonte: Comunicação, Marketing e Relacionamento

UBS Vila Calú Sustentabilidade

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